E ele acorda muito mais cedo que o habitual e vem a rabujar e tu achas que anda com o sono trocado e deixas-lo enfiar-se na tua cama...
E depois passa o dia cabisbaixo e com dores de cabeça e a vomitar... E tu achas que é uma virose...
Mas algo te diz para o levares ao pediatra...
E depois... E depois ficas sem chão, sem ar, sem alma, com o coração a bater fora do teu peito...
Porque o diagnóstico é terrível e a forma de o confirmar ainda é mais...
E depois ficas durante horas sem respirar, sem o coração bater, sem viver...
E só esperas ouvir alguém dizer-te que afinal não é bem assim, que afintal está tudo bem e é só mais uma virose, dessas de trazer por casa...
Mas não é assim e o teu coração continua a bater fora do teu peito...
E tu queres arrancar a pele para que ele não sofra...
E choras... Por ele, por ti, por nada poderes fazer...
E o tempo passa e tentas pensar positivo, que tudo irá correr bem...
Depois vem a febre... A noite em intermitência...
E a manhã vem confirmar o diagnóstico da noite... O prognóstico é positivo...
É mau, mas parece não ser o pior cenário...
E tu consegues respirar um bocadinho...
E ele é mais corajoso do que tu e vai lutando!
E vai-te mostrando que tudo irá ficar bem!
E tu permites-te sair do lado dele por alguns minutos, para seres tu para ti também!
E voltas melhor, mais forte para ele!
Mas novo susto... Agora são dores alucinantes, novos sintomas... Nova doença...
Tudo agora? Tudo nele????
Mais uma noite a velar... Mais uma manhã de diagnósticos, de exames...
E à tarde explicam-te tudo... E temos de pensar na cirurgia...
E vamos fazer uma cirurgia... Logo depois de recuperar da 1.ª...
E a mãe é teimosa e sente que o filho está melhor e faz finca pé em irem para casa e recebe um elogio juntamente com a nota de alta...
E vão todos para casa lamber a cria... Mimar a cria... Respira-se melhor em casa, não é T?